Gosto de P. por tantas razões, e uma
delas é que passamos horas ao telefone, como se fazia, antigamente. Ela me
conta que está às voltas com a escrita de textos eróticos, a ponto de chamar um
marceneiro para fazer novas estantes que abriguem livros do gênero. Organizar
bibliografias é o oposto de naufragar. Digo a ela que outra ideia afundou, e já
sei o que ela vai sugerir. “Você tem um senso de humor ótimo, ainda vai rir
disso, vai saber usar isso tudo”, foi mais ou menos o que ele me falou,
antes de fechar a porta e desistir de mim. “Chegamos a esse ponto, Pali”, eu
falo, desanimada, “talvez eu devesse lançar o gênero literatura não-erótica”. A
ligação cai sem que eu escute a gargalhada dela, e quando voltamos à conexão ela já me sugere até o título.
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