Tenho uma lista de medos,
eu disse a ela. E para provar que não era curta, comecei a enumerar. O primeiro
deles era o de pisar num cocô de cachorro enquanto estivesse a caminho do
restaurante (levar um par extra de sapatilhas na bolsa). Se eu não gostasse de
nada no cardápio, se fosse uma comida exótica, se servissem Pepsi em vez de
Coca-cola. (Escolher um prato que não envolva verdes que possam ficar presos
nos dentes.) Sorrir, ela disse, e ser engraçada, e isso eu sou, acho, e isso
ele sabe, desconfio, é só confirmar. Se me faltar assunto, fazer perguntas. Se
ele for quieto também. Tenho pavor dos silêncios, e a toda hora preciso desviar
o olhar. E as mãos, o que fazer, e se se esbarram contra as dele antes do
tempo? E que tempo é o certo? Pode ser que justo nesse dia eu acorde com
torcicolo. E se eu espirrar tanto que precise sair correndo pra assoar o nariz.
Fico tão vermelha de timidez, às vezes de álcool, às vezes fico até manchada,
sinto a orelha ferver. E se me der vontade de bocejar, não por chatice, mas por
sono em excesso, ou não dá pra ter sono nesses eventos? E se você passar muito
bem por tudo isso, ela disse. Queria um tutorial. Deve ter na internet, mas
diria que você não precisa. Vá de coração aberto.
Mas e se eu tiver
taquicardia, descompasso ou batucada e ele sentir quando me abraçar?
Quando da tudo errado e da certo, é mais certo ainda...
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